sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

The Voyage of the Dawn Treader

          Quanto tempo não beijava na boca, não sentia o gosto de outra pessoa, o calor de outra pessoa. Tive que conferir a Viagem do Peregrino da Alvorada mais uma vez para poder me sentir vivo novamente. Estava precisando conhecer outras pessoas, outras línguas, outras histórias.

To defeat the darkness out there, you must defeat the darkness inside yourself.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Friendship

E existe esse menino popular, adora fazer amizades, conversa com todo mundo, "se dá bem com todo mundo", mas no fundo ele é sozinho ou está no grupo errado, não se sabe. Vivia trancado em casa de dia, mamãe deixava a ordem com a tia: "NADA DE RUA!". Vivia pendurado nas grades, os transeuntes pensavam até que era torturado em casa, descia de lá a base de chineladas e gritos "pare-de-gri-tar". Quando finalmente saia, não podia escolher seu grupo de amigos de certa forma. Só podia brincar com o pessoal da rua, nas vistas da mãe, ela precisava controlar as amizades, não queria que o filho virasse um trombadinha. Para sorte, ou azar dele, das nove crianças da rua, cinco eram meninas, todas elas nas casas que circundavam a dele, filhas do pessoal que conviviam em harmonia na rua. Os outros três meninos só um participava de seu círculo de amizades, esse que morava ao lado de sua casa; os outros dois meninos os pais não eram ativos no dia da rua, talvez por morarem na esquina, esses nunca poderiam brincar com ele, não tinha permissão da mãe. Ainda dizem que sexto sentido de mãe não funciona, mas acontece que esses dois meninos que moravam na esquina da rua viraram trombadinhas. Esse único e primeiro amigo homem que o menino popular teve era arredio, seus pais saiam para trabalhar e ele ficava sozinho em casa. Não saia por ordem da mãe, ficava trancado, jogando vídeo games. Logo, só sobravam as meninas da rua para fazer companhia ao menino popular durante o dia.
Na escola não era diferente. O menino popular sempre preferiu a companhia das meninas, as brincadeiras das meninas, os papos das meninas. Tinham aqueles meninos com quem ele andava também, até a hora que as meninas o chamavam para brincar, afinal elas precisavam de "maridinhos" e acabava que esses meninos às vezes se divertiam com as meninas brincando de "casinha". Fez duas ótimas amizades nessa época, amizade que dura até hoje, meninas; passaram-se três anos até então. Saiu por dois anos dessa escola e na outra, como de se esperar, mais amizades femininas. Voltou, reencontrou as antigas amigas, fez outra amizade logo de cara, com menina. Aqueles dois meninos ainda existiam, mas não existia essa amizade mais. Dois anos depois mais uma menina se juntou a trupe. Eram cinco agora.
Mas na rua a vida dava novas cartas, aquele seu amigo, aquele considerado como irmão, estava indo embora com o pai. O popular nem entendia que seus pais estavam se separando, ele só entendia que estavam afastando ele de alguém que ele gostava muito. Na verdade, ele até culpou o amigo; só foi compreender as coisas depois de um tempo. Então sobraram as meninas. Eis que nessa época entrou outra para a gangue e o popular se identificou logo, mas ela estava longe de se tornar best friend dele. Lésbica, ela confessou um tempo depois. Eram poucos os tempos que passava com as vizinhas, resumia a finais de semana e férias. Interessante como as coisas mudam em 12 anos, mas ainda tinha muita brincadeira no meio de tudo isso. As férias sempre juntou todos eles.

Outta music, inside of my mind

Quem me ver andando com fones de ouvido, nem imagina o porquê eu realmente os uso. Claro, adoro músicas, elas animam a alma, relaxam o corpo, mas comigo elas têm outra funcionalidade. Fuga do real. Fujo para esse mundo onde os ritmos comandam o meu destino, onde todos dançam e conhecem seu corpo, onde posso cantar as letras bonitas pelas ruas sem que seja considerado um doido. Quando triste, canto para me consolar e todos cantam, todos entendem minha dor e a respeitam; quando estou com medo, só fechar os olhos e então a música afasta os fantasmas tenebrosos. Um mundo mais fácil de viver.
Mas então eu tenho que tirar os fones do ouvido e viver a realidade. Um mundo castigado por uma sociedade cruel, de pessoas egoístas que querem sucesso e para tanto não mede esforços. Um mundo caindo em desgraça, onde o ser humano não entende o significado da palavra que compõe seu nome. Um mundo o qual sacrifícios desnecessários servem para mostrar poder. Onde para se criar um império, é necessário destruir a natureza e que se lasque as gerações futuras; deve ser mais fácil construir uma máquina para manter uma vida, de o quê preservá-la.
É nesse mundo que vivo quando estou fora da música (outta music); onde minha mente começa a funcionar; onde meus problemas vêm a tona; onde não posso gritar; onde nem todo mundo pode me consolar; então só me resta escrever. Longe de ser palavras merecedoras de mérito, mas eis meu blog.